terça-feira, 18 de maio de 2010
Precisamos construir o futuro!
Precisamos construir o futuro!
Vamos defender o atual modelo de gestão do turismo brasileiro Artigo escrito em maio de 2006 A copa está chegando. O Brasil, por tradição, leviandade ou comodismo, entra em transe coletivo e paralisa para acompanhar a competição. Em seguida começa a campanha eleitoral e o país pára de novo, desta vez para testemunhar a aula magna de demagogia que o processo eleitoral enseja. Este ano, depois do espetáculo deprimente proporcionado pela pizzaria do Congresso, vai ser interessante ver como se comportam a classe política e o eleitor, eternamente envolvidos numa relação incestuosa e shakespeariana de amor e ódio. Vai ser uma festa, mas o ano, muito mais do que de comemoração, é de luta! A eleição deste ano pode escorregar para uma previsível caça às bruxas, mas nós temos nossos próprios problemas para equacionar. Talvez devêssemos aproveitar o clima de catarse para iniciar uma profunda e inadiável reflexão sobre como o nosso trade pode e deve lutar pela manutenção do atual modelo de gestão do turismo brasileiro. Ninguém contesta que, descontados alguns tropeços pontuais, o governo federal cumpriu suas promessas com o nosso setor. Nunca tivemos um ministro tão carismático, e ao mesmo tempo, tão alinhado com o pensamento do trade nacional. Tal unanimidade, que às vezes beira a bajulação, chega a ser entediante! Na Embratur, agora focada no que realmente interessa, a promoção do Brasil no exterior, continuamos a presenciar o trabalho competente realizado pela excelente equipe montada por Eduardo Sanovicz. O exemplo das feiras internacionais é emblemático. A parceria com a FBCVB – Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux – em que pesem algumas críticas mal intencionadas, e alguns escorregões motivados mais por ingenuidade do que por incompetência, revelou-se de um acerto impossível de ignorar. Como resultado desse esforço conjunto, dessa sinergia entre trade e governo, (ou o acerto e a transparência de suas decisões), melhorou muito a imagem do Brasil percebida pelo estrangeiro; os estandes nas mais de 40 feiras, muito mais visitados e com mais expositores, estão ganhando prêmios; o portfolio de produtos ficou mais consistente, mais atrativo e mais profissional com a criação de novos produtos que atraíram mais e melhores turistas. Os sucessivos recordes no volume de entrada de divisas são o resultado mais vistoso, mas não o único, a atestar a eficiência da estratégia adotada. Na verdade, mais do que obter alguns bilhões de dólares de superávit, revolucionou-se conceitualmente o turismo, encarado agora como força econômica de importância estratégica. Houve no resgate da importância do setor, um enorme ganho qualitativo. Ao deslocar-se a discussão em torno do turismo, da pauta das colunas sociais e de entretenimento, para as de economia e negócios, criou-se a percepção, ainda não assimilada por todos, de que o turismo deve ocupar lugar de destaque na agenda de qualquer governante responsável. Durma-se com esse barulho, finalmente estamos viajando na primeira classe! Parece que tanto o Ministério, quanto a Embratur, quanto seus parceiros nos principais projetos, (a FBCVB e algumas outras entidades), fizeram a lição de casa! É preciso também reconhecer o esforço de profissionais como Maria Luiza Leal na condução dos programas de capacitação, investimento em infra-estrutura e financiamento e crédito, Milton Zuanazi e Airton Pereira com o Salão de Turismo – Roteiros do Brasil e o plano de marketing Cores do Brasil, Márcio Favilla com as atividades de implantação e desenvolvimento do Fórum Mundial de Turismo - Destinations, para citar apenas alguns, na implantação e consolidação de projetos como o programa de combate ao Turismo Sexual Infantil, o programa de Capacitação e Desenvolvimento Profissional, inclusive com etapas de intercâmbio internacional, o projeto dos EBT’s, a construção e consolidação da Marca Brasil, enfim, a adoção de um conjunto de políticas, diretrizes e ações que deram ao turismo brasileiro um perfil muito mais profissional e sério. O problema é que tudo isso pode ir por água abaixo se não formos capazes de passar por cima de diferenças mesquinhas, de deixar de lado a fogueira de vaidades que se percebe quase como um comportamento sistêmico do setor, e não conseguirmos nos unir, em frente única e ampla, na defesa de uma plataforma que vise garantir a continuação do atual modelo de gestão do turismo brasileiro. Qualquer que venha a ser a cor, tendência ou inspiração do próximo governo, precisamos estar preparados para pressionar os responsáveis no sentido de garantir a continuidade do modelo implantado para o turismo neste governo. Não é hora de discutir ideologias ou preferências partidárias, é necessário que ultrapassemos interesses individuais e corporativos para que possamos defender a bandeira da unidade, desenvolver uma massa crítica responsável e atuante, construir uma barreira de interesses coletivos e legítimos capaz de impedir qualquer tentativa de aventura nos rumos das políticas que regulam nosso setor. Walfrido dos Mares Guia e Eduardo Sanovicz, já afirmaram repetidamente que esta política não é de governo, é de Estado. Como tal, ela precisa ser perene, precisa estar acima de vaidades corporativas, sobrepor-se às naturais diferenças entre entidades do trade, estar a salvo de grupos de pressão que não sejam os que representem o conjunto do trade turístico brasileiro, unido, consciente, dando provas de maturidade empresarial. A exemplo do movimento supra-corporativo que, com alguma razão, se esboça na defesa da Varig, é necessário, eu diria até que é vital, que consigamos a mesma unidade na defesa intransigente do modelo de gestão, promoção e comercialização do turismo brasileiro. Com as reviravoltas que o jogo político costuma impor, muitas vezes sem alicerce em qualquer argumento conectado com a realidade, corremos o risco de retroceder aos tempos da casa da mãe Joana, onde prevaleciam os conchavos, os acordos de gabinete e a lei do leva quem for mais amigo do Rei! É lamentável, mas o risco existe e a hora é esta. É preciso esquecer nossas diferenças e concentrar esforços na valorização e defesa de nossas semelhanças. Sem isso, o perigo de retrocesso é muito grande e a fatura será paga por todos nós. Como diz Peter Drucker, “a melhor maneira de adivinhar o futuro, é construí-lo!” Pois então, o que estamos esperando?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário